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29 novembro 2006

O que será que aconteceu com o decreto de lei de acessibilidade nº5.296??

Dia 2 de dezembro de 2006, exatamente vinte e quatro meses a contar da data de publicação do Decreto Lei Nº 5.296, todos os portais e sites da administração pública deverão ter obrigatoriamente seus conteúdos acessíveis para pessoas portadoras de deficiência visual, isto é, daqui a um pouco mais de 48 horas. Aqueles que não cumprirem as recomendações do Governo ficarão sujeitos às penalidades citadas no decreto, como o corte de recursos públicos e empréstimos, sanções administrativas, cíveis e penais cabíveis, previstas em lei, entre outras.

Um dia depois, no dia 3 de dezembro de 2006, é o dia internacional das pessoas com deficiência de 2006, e neste ano em especial, o tema será: Acessibilidade Eletrônica (E-accessibility). Melhorar o acesso às novas tecnologias de informação, tais como Internet e dispositivos moveis, será o foco do dia internacional das pessoas com deficiência deste ano, que é comemorado no dia 3 dezembro.
Fonte: Nações Unidas

Mas voltando ao decreto lei brasileiro, alguem sabe alguma informação sobre em que pé está esse decreto?

Será que todos, ou pelo menos, a maioria dos sites de administração pública tornarão suas páginas acessíveis até o próximo sábado?

Será que aqueles que não cumprirem o decreto, serão punidos?

Será que existe mesmo algum tipo de punição prevista para os infratores?

E se existir, será que alguém vai ser mesmo punido?

Será que bastará ter o selinho de acessibilidade de um validador automático qualquer, para se safar?

E se um site estiver acessível e não tiver aplicado o selinho, o que será que vai acontecer?

Como o governo espera saber exatamente quem cumpriu ou não o decreto?

Quem vai testar e comprovar se os infinitos sites e suas intermináveis páginas estarão mesmo acessíveis?

Será que esse decreto vai ter o mesmo futuro que a lei que obrigava as bicicletas a terem placas exatamente como os carros?

Será?

Independente das respostas a essas perguntas, acredito que a acessibilidade depende muito mais de nós, usuários, consumidores, criadores e desenvolvedores de sites, fazedores de opinião, etc., do que de leis, decretos, normas, multas, punições e governos, mesmo sabendo que estes podem ajudar muito.

Nós é que devemos avisar, orientar e, em última instância, denunciar aqueles sites que ainda apresentarem barreiras ao acesso. E precisamos fazer isso, independente que sejam sites da administração pública, privada, empresa sem fins lucrativos, cooperativa, ong, ou qualquer outra categoria.

Por que não podemos aproveitar, ou quem sabe, até melhorar a boa idéia do site Vida Fácil, desenvolvido pela Associação Portuguesa de Profissionais de Usabilidade para comemorar o Dia Mundial da Usabilidade 2006 cujo lema é “Tornando a vida mais fácil”.

Segundo eles: “neste website qualquer pessoa poderá contribuir com relatos de situações e objectos que lhes tornam ou a vida mais fácil ou mais difícil. O objectivo deste site é consciencializar a opinião pública para as falhas na concepção de produtos e para o papel que os profissionais de usabilidade podem desempenhar na sua optimização.”

Por que não criamos um site com bons e maus exemplos de acessibilidade e usabilidade brasileiros seguindo esse bom e já quase velho modelo de Web 2.0?

28 novembro 2006

Seu menu dropdown funciona com o teclado?

“Uma das coisas mais importantes ao se tornar um site acessível é assegurar-se de que é possível navegar integralmente pelo site e acessar qualquer informação usando o teclado.”

O Bruno postou em seu blog Brunotorres.net, uma importante questão sobre a usabilidade e acessibilidade dos menus dropdown. Da forma como a maioria desses menus foram construídos, só atendem aos usuários que podem fazer uso do mouse, ou seja, quem acessa apenas via teclado ou usa o mouse com dificuldades, não tem como acessar os subitens destes menus.

Exemplo do efeito do menu dropdown antes e depois do evento onmouseover:

menu horizontal com 5 links
menu anterior com o link Educação apresentando suas 7 subopções. Evento gerado pelo ponteiro do mouse sobre o item.
Esse recurso beneficia todos os usuários e não só aos cegos com seus leitores de tela e aos deficientes motores impossibilitados de usar o mouse, mas também qualquer pessoa que tenha ou passe por algum problema ou limitação.

Fotos de pessoas que têm dificuldades e pouca precisão no uso do mouse:
deficiente motor utilizando o mouse com dificuldades
mãos de um idoso utilizando o mouse com dificuldades
Pode parecer exagero, mas qualquer um de nós pode, em determinada situação, ficar impossibilitado mesmo que temporariamente, de usar o mouse.

Um braço quebrado, uma tendinite, um óculos danificado, o mouse sujo, ou ainda, a necessidade de usar um determinado dispositivo com limitações. Por estas e outras tantas razões, não poderemos utilizar o mouse com precisão, ou simplesmente, não poderemos usar o mouse, sendo a única saída então o teclado.

Outro argumento, é que alguns usuários preferem usar o teclado ao mouse, então por que não aplicar o acesso ao menu dropdown também via teclado para que esse usuário tenha a liberdade de decidir como quer acessar?

Saltos (links internos) para o conteúdo principal, sistema de busca e menu interno, quando aplicados no início das páginas ou em alguns outros lugares estratégicos, dependendo da ocasião, aumentam bastante a usabilidade dos sites para quem usa apenas o teclado, mas isso é assunto para outro post.

Em seu artigo, Bruno lista algumas técnicas simples para tornar esses menus acessíveis via teclado e prometeu que irá fazer um follow-up com outras técnicas em breve, vamos aguardar.

E como ele muito bem colocou: “agora você não tem mais motivo para dizer que seu submenu não funciona com o teclado...”

27 novembro 2006

Barreiras à Criatividade

“Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las.”
Sêneca

Para Abraham Maslow, um dos psicólogos mais proeminentes do século vinte, “O homem criativo não é um homem comum ao qual se acrescentou algo. Criativo é o homem comum do qual nada se tirou”. Ele chama a atenção para a influência poderosa das forças adversas presentes na nossa cultura e criação que nos impendem de desenvolver e realizar o nosso potencial criativo.

A maioria das pessoas têm medo de perguntar, agir, se expressar e errar... Fomos criados para obedecer e seguir padrões e paradigmas. Perdemos a nossa curiosidade e capacidade de pensar e questionar valores e verdades. Não conseguimos enxergar os nossos problemas sob outros pontos de vista.

Certa vez, Einstein disse: “ - não sou mais inteligente do que ninguém, sou apenas a pessoa mais curiosa que conheço”.

Assim, para reanimar e reativar a curiosidade e criatividade neutralizada pelas forças adversas presentes em nossa criação e cultura, é fundamental que eliminemos frases, expressões, paradigmas, conceitos e preconceitos tão presentes em nosso dia-a-dia, e que limitam e bloqueiam a criatividade.

Vejamos alguns dos clássicos bloqueadores da criatividade:

- Não vai dar certo!
- Isso não tem a menor lógica.
- Siga sempre as normas.
- Cuidado para não pagar um mico.
- É proibido errar.
- Brincar é falta de seriedade
- Isto não é da minha área, cada macaco no seu galho.
- Eu não quero mudar! Time que está ganhando não se mexe.
- Eu não sou criativo!
- É impossível. Não dá para fazer!
- Isto não serve para nada!
- Santo de casa não faz milagre.
- Não vamos inventar a roda.
- Vai custar muito caro.
- Seria uma mudança muito radical.

Estes são alguns dos bloqueadores da criatividade, mas cuidado, existem muitos outros. Precisamos estar sempre atentos, um bloqueador pode vir camuflado de boas intenções. Manter a cabeça aberta a novas idéias, não se deixar influenciar pelo pessimismo alheio, os preconceitos e paradigmas.

Artigo: Bloqueios a Criatividade

A boa notícia é que a criatividade faz parte da natureza humana e com o estímulo certo, nós podemos desenvolve-la.

Vejamos algumas das muitas maneiras de desenvolver a criatividade no artigo: Desenvolvendo a Criatividade

10 novembro 2006

Acessibilidade nas empresas: planejando a implementação de acessibilidade à Web

Recebi hoje a tradução do artigo "Implementation Plan for Web Accessibility" publicado no site do W3C.

Acho que o Maurício Samy do Maujor não deve dormir, ou talvez sejam os ares de Copacabana, a água de coco, enfim, o importante é que mais uma vez ele traduziu e disponibilizou esse interessante artigo para o português com o título: planejando a implementação de acessibilidade à Web.

É uma receita de bolo simples e, que se aplicada corretamente, pode implementar a cultura e política de acessibilidade nas "fabricas de software" e conscientizar os mais diversos profissionais da empresa envolvidos no desenvolvimento de sistemas Web.

Para que uma empresa implemente uma política de acessibilidade que realmente funcione é necessário que tenha executivos que acreditem que a acessibilidade é um importante requisito na qualidade de seus produtos e serviços e que patrocinem e apóiem essa iniciativa.

O que fazer então se os gerentes e diretores da empresa nunca ouviram falar de acessibilidade digital?

Um bom começo seria fazer uma apresentação interna sobre o tema, com dicas, melhores práticas, diretrizes, leis e, principalmente, com os benefícios que a acessibilidade trás aos produtos e a empresa.

Onde buscar argumentos:

- Artigos como o do Bruno: Acessibilidade não é altruísmo podem ajudar, assim como meu artigo o que é acessibilidade na Web?, onde listo quais são alguns dos benefícios de um projeto Web acessível.

- Outro argumento é a importância que empresas como a IBM estão dando a acessibilidade, fica mais fácil de perceber visitando o: Centro de acessibilidade da IBM .

Ou ir direto na fonte e dar uma boa pesquisada no Delicious, que é uma espécie de favoritos (bookmarks) colaborativo e tem ótimas referências sobre acessibilidade e outros assuntos afins.

IBM Home Page Reader está morto!!!

A IBM anunciou que não tem planos para atualizar o seu navegador acessível Home Page Reader, mas nem tudo está perdido, a boa notícia é que irão continuar investindo pesado em pesquisas e desenvolvimento de inovações para acessibilidade.

Outra coisa bacana é que a IBM está usando sua experiência para dedicar-se ao desenvolvimento de um leitor de telas para Linux. Também está fazendo parcerias com universidades e fundações, conforme texto em inglês abaixo:

"...
IBM is contributing code and expertise to the development of a screen reader for Linux. Other examples include our work to develop accessible features and functions in the Firefox browser, and our partnership with the University of Illinois to develop Firefox accessibility extensions.
..."

Fonte: AOL Ability

03 novembro 2006

Um site acessível para cegos é necessariamente acessível para surdos?

Muito se fala de acessibilidade digital para deficientes visuais, até mesmo o decreto de Lei brasileiro Nº5.296 faz menção que: "todos os portais e sites da administração pública deverão ter obrigatoriamente seus conteúdos acessíveis para pessoas portadoras de deficiência visual, garantindo-lhes o pleno acesso às informações disponíveis". Mas e as outras deficiências? Tornar um site acessível para deficientes visuais é o suficiente para atender a todas as pessoas com necessidades especiais?

Por um lado, isso pode até ser verdade, afinal, o deficiente motor e o visual normalmente interagem com as páginas de um site através do teclado. Seguindo essa lógica, ao criar uma página acessível e fácil de usar mesmo sem o mouse, ou seja, navegando apenas com o teclado, poderemos dizer então, que um site acessível para deficientes visuais também é para deficientes motores.

Mas será que essa lógica pode realmente garantir que sites acessíveis para deficientes visuais, também sejam para deficiências motores em suas mais diferentes necessidades?

Trocando um pouco de foco, será que essa mesma lógica também é valida para os deficientes auditivos?

Não seria melhor fazer testes com diferentes usuários e, a partir dos resultados, definir quais são as principais características que devem ser aplicadas para atender a todas as necessidades especiais?

Quando falamos de acessibilidade digital para surdos, o principal problema que nos vem a mente é a falta de legendas em filmes, vídeos e animações, transcrição em texto de artigos e conversas gravadas e disponibilizadas via podcasting, etc.

O problema é que, além dessas limitações mais aparentes, existem outras barreiras que não são assim tão obvias e, por isso, são ignoradas e deixadas de lado.

“Fazer a comparação cego/surdo é um pouco antagônica ... O cego pode ouvir, por isso cria registros corticais que, digamos assim, podem ser entendidos como que "o esqueleto" de suporte para que uma estrutura lingüística e fonética se possa formar. Depois desta, e só depois, é que é feita a alfabetização da pessoa cega através do Braille; o que com a pessoa surda não poderá acontecer.”

Texto do português José Pedro Amaral, surdocego - surdo total e com baixa-visão - bi-implantado na lista de acessibilidade do Yahoo.

Como colocou o José Pedro, o deficiente visual aprende primeiro o português para só depois aprender o braile. Já o surdo, aprende a língua brasileira dos sinais (Libra) e depois o português. O grande problema continua sendo a falta de informação, principalmente dos profissionais da educação... Por pura ignorância no assunto e baixa capacitação profissional, pensam que o surdo é menos capaz.

Em resposta a esses e outros "preconceitos", apresento a frase - ou slogan - da minha escola de samba, o Salgueiro: nem melhor, nem pior, apenas diferente.

Infelizmente a humanidade ainda não aprendeu a lidar com as diferenças e tem muita dificuldade em compreender o desconhecido, o diferente, o novo. Mudanças também não são bem-vindas em sua maioria e, parafraseando o filosofo Heráclito: "Os cães ladram para o que não compreendem". Além das escolas e universidades, infelizmente essa dificuldade também se reflete na maioria das empresas, associações, etc.

Para agravar o problema da acessibilidade, a língua de sinais é bastante limitada se compararmos com o português. Se muitas vezes, pessoas sem nenhum tipo de deficiência têm dificuldades de entender um texto complexo, imaginem um surdo que não teve acesso a uma educação eficiente as suas necessidades.

"é importante que as pessoas surdas tirem cursos superiores, caso contrário os "ouvintes" vão continuar a pensar que temos menos capacidades".
António Pisco, ficou surdo aos 18 anos e atualmente cursa 2.º ano do curso de Educação Física e Desporto na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia.

Fica mais fácil de entender as diferenças com exemplos:

”Os motivos são diversos, o fato é que a conversão de palavras comuns, como logradouro e filiação, para libras é complicada e quando o surdo se depara com elas em formulários é um problema... além disso ainda existem as metáforas que são difíceis de serem explicadas ao surdo, tipo caiu o dinheiro na conta...para o surdo cair é cair de tombo”

Texto retirado de uma mensagem de Edson Constantino na lista de acessibilidade do Yahoo.

Pela limitação natural da língua dos sinais em representar todas as palavras do nosso rico português, se o texto for rebuscado, obscuro ou complexo, tornar-se-á uma barreira natural para acessibilidade.

Não entendeu? Tudo bem, então não deixe de ler a história do lobo mau e da chapeuzinho vermelho produzida pelo professor surdo-mudo Francisco Goulão. O mais bacana dessa história e que ela é dividida em duas, na primeira coluna é contada em português e na segunda, em língua dos sinais e com a sua tradução literal para o português.


Chapeuzinho vermelho falando para o lobo mau em linha portuguesa: mora perto do moinho e do lago, ao lado da grande árvore. Lingua de sinais: moinho perto lago lado árvore grande.

Ao ler essa historinha, "minha ficha caiu" - olha o uso de mais uma metáfora. Mas com ajuda do Mestre, as diferenças entre as línguas ficaram muito mais claras.

somos surdos - somos felizes

Conclusão: a única solução para atender a surdos e “Troianos” e, por tabela, todos usuários, é aplicando a boa e velha receita de bolo: quanto menos, mais. Ou seja, se podemos simplificar, para que complicar?


"Complicar o simples é fácil. Criatividade é tornar o complicado em simples."
Contrabaxista Charles Mingus.



exemplo do aplicativo que transforma texto em lingua de sinais
Dica de software:

- software que transforma o texto escrito em uma animação para a linguagem brasileira de sinais.

Dica enviada por: Walmar Andrade - www.fatorw.com

- Blog do Professor surdo/mudo Francisco Goulão.

 
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