Em
setembro outubro será lançado o livro: O TIRO E O ALVO.
Para se ter uma ideia do que vem por aí, seguem alguns aforismos retirados do início do livro:
# 4"Nem 'sociedade da informação' e muito menos 'sociedade do conhecimento', como proclamam os vendedores de ilusões. Vive-se, de fato, a
sociedade da ferramenta.
Armas em vez de segurança; ambulâncias em vez de saúde; computador, em vez de educação; cadeia em vez de re-socialização dos presos; diploma, em vez de conhecimento; automóvel particular, em vez do transporte; fast food em vez de alimento; grife em vez de agasalho e elegância etc.
Enfim, consumismo em vez de usufruto. Mera
sociedadezinha fetichista".`
# 11"A incapacidade para resolver problemas se deve, em grande parte, à reatividade das pessoas e empresas. Só se muda quando dói e, nestes casos, age-se apenas de forma analgésica.
De que vale dispor da mais inovadora tecnologia se o problema é tratado corretivamente sobre sintomas, ignorando-se-lhe as causas?"
# 18"O perigo do homem se subordinar à ferramenta é a perda da consciência dos próprios objetivos. Os papéis se invertem, o indivíduo vira extensão da máquina e o cachorrinho passa a levar a madame, toda manhã, para fazer xixi no calçadão de Copacabana".
# 21"A quase totalidade dos cursos, certificações e práticas atuais se concentra em aprimorar a qualidade no manejo da arma e não a habilidade para identificar alvos.
Certifica-se que o técnico é um exímio atirador; isto é, dado um alvo, ele acerta todos os projéteis no bull’s eye. Mas quem apresenta o alvo a esse 'atirador de elite'?"
# 24"A fragilidade das 'soluções tecnológicas' não está no despreparo para construir soluções, mas na incapacidade de enunciar problemas.
Não está no manejo da arma, mas na invisibilidade do alvo.
Não está no receituário médico, mas na inépcia para diagnosticar a doença".
#33"Se o que os autores das 'sagradas escrituras da gestão' preconizam fosse de fato eficaz, o país de onde majoritariamente se originam - e onde os 'managers' são nelas educados - não demonstraria tanta inocência, inépcia e incompetência gerencial...."
<atualização>Outros aforismos:
#38A indústria de best-sellers na área de administração se transformou num negócio bilionário autossuficiente que, no entanto, influencia econômica e culturalmente o mercado. Nenhum administrador “hodierno” que preze sua reputação pode se dar ao luxo de desconhecer os chavões e siglas da moda, renovados mensalmente no camelódromo planetário do pensamento empresarial descartável.
#41"Assim escreveu Arthur Schopenhauer, o notável filósofo alemão, em meados do século XIX [04]:
'Em geral, estudantes e estudiosos (...) têm em mira apenas a informação, não a instrução. Sua honra é baseada no fato de terem informação sobre tudo, (...), sobre o resumo e o conjunto de todos os livros.'
E completa:
'Diante da imponente erudição de tais sabichões, às vezes digo para mim mesmo: Ah, essa pessoa deve ter pensado muito pouco, para ter lido tanto.'
É mais ou menos o que ocorre com muitos cursos, em que o aluno tem pouco tempo para ler e meditar sobre a bibliografia extensa e sagrada que lhe é imposta. Sobrariam horas diárias para os nossos aprendizes de feiticeiro pensarem sobre o que estão lendo?"
#42"Albert, o cientista, confirma Arthur, o filósofo.
'Quem lê demais e usa pouco o próprio cérebro se habituando a ter preguiça de pensar.'
Albert Einstein"
#45"É hora do administrador pensar mais com a própria cabeça. Um pensamento absorvido de fora só se transforma em conhecimento pessoal se confrontado criteriosamente com as questões, idéias e verdades que o indivíduo já possui."
#46"Uma coisa é pensar com a cabeça dos outros, o que significa abdicar de pensar, delegar a terceiros a atividade intelectual, repetir como um papagaio verdades alheias.
Outra coisa é pensar junto com os outros (copensar). Neste caso, têm-se a oportunidade de aprender junto, inventar junto, confrontar idéias e, mais do que a soma do co-nhecimento individual, multiplicar sinergicamente o conhecimento coletivo."
#47"Na investigação de problemas de negócios, o desafio pode ser mais desaprender do que aprender, mais libertar a mente para descobrir a verdade dentro de seus próprios negócios do que acreditar em milagres vindos de fora. Fechar os olhos viciados em dogmas, paradigmas, pensamentos únicos e idéias de silicone para ver a essência de seus empreendimentos."
#57"A mulher pela qual se está apaixonado faz parte de uma categoria que poderia ser etiquetada como 'mulheres lindas, jovens e inteligentes'.
Mas o que faz você loucamente apaixonado por sua namorada em especial não são as características que ela tem em comum com as mulheres 'lindas, jovens e inteligentes'. O que te faz tão apaixonado são as peculiaridades que a distinguem das demais.
O que faz alguém admirar Van Gogh não são as características do célebre pintor holandês comuns a todos os pintores impressionistas, mas suas qualidades particulares, suas idiossincrasias.
Este conceito vale para o restaurante, o escritor ou o profiteroles. Também para os negócios, é óbvio."
#62"Pode a síntese prescindir da análise? Pode o geral esnobar o particular? Quanto pode valer um detalhe?"
#63"Todo padrão é essencialmente pobre, principalmente os traficados por instituições ricas.
Todo padrão é nuclearmente burro, nomeadamente os concebidos por pessoas espertas.
Todo padrão é antiestético, entorpece, entedia e brocha."
#65"O que deve ter a qualidade prioritariamente certificada é o produto final e não o processo produtivo. A qualidade do sujeito confirma-se na qualidade do objeto produzido."
#66"O que qualifica o padeiro é o pão."
#67"Padrões, receitas de bolo, mapas da mina, caminhos das pe-dras, pulos-do-gato, passo-a-passos ou as auto-denominadas '
best practices' frequentemente desconvidam o investigador a pensar e empurram-no pela ladeira fácil do pensamento alheio e pronto.
Quem perguntaria o porquê de um padrão ISO?
Quem cogitaria um caminho alternativo, diante de um passo-a-passo de unanimidade rodriguiana?
Quem contestaria a verdade de uma boa prática escrita no idioma de Shakespeare?"
#70"O mundo dos padrões teria começado com o nobre objetivo de oferecer caminhos, mas – recorrendo a um antigo aforismo – é de boas intenções que o 'inferno da tecnologia' está múltiplas vezes pavimentado."
#71"Algo que se poderia perguntar sobre melhores práticas: 'melhores para quem?'"
#72"O que fazer quando as características do problema não combinam com os padrões recomendados? Quem deve mudar? O problema?"
O livro já pode ser comprado pelo site da editora:
Editora CAIS PHAROUX.
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