Estive no evento em São Paulo na Escola Politécnica – USP e fiquei surpreso ao perceber que finalmente a usabilidade está deixando de ser exclusividade da academia para aos poucos ser adotada pela indústria no desenvolvimento de produtos/serviços mais focados no cliente/usuário.
A globalização, aumento da concorrência, do mercado e a necessidade da criação de vantagens competitivas estão fazendo as empresas repensarem suas estratégias. Afinal, na Internet a concorrência mora ao lado, ou para ser mais preciso, a um clique de distância. Se os softwares e sites não forem acessíveis, intuitivos, fáceis de usar e entender é provável que muitas empresas comecem a perder mercado. Pouco adianta uma boa idéia convertida em software, mas que por falta de foco no usuário só consegue ser usado pelos seus criadores. O custo de falhas externas, ou seja, aquelas que são descobertas pelos clientes é caro demais e pode levar a perda de mercado, reparos dentro da garantia, ações judiciais, etc.
Gostei das palestras, mas um em especial me chamou a atenção: design de interfaces para TV interativa que foi ministrada pelo doutorando Gil Barros.
Ele levantou a bola para os problemas e oportunidades que virão a reboque dessa nova tecnologia. A TV digital levará a interatividade ao usuário/cliente através de softwares e interfaces que ainda não foram padronizadas. Existem diversos modelos em funcionamento e em testes na Europa e EUA. É o momento de experimentar novas soluções e propor padrões. O grande paradigma para os próximos 5 ou 10 anos será o desenvolvimento de softwares e Websites que funcionem, sejam intuitivos e fáceis de usar, acessíveis e com utilidade mensurável para o usuário da TV digital.
Gil nos deu umas dicas super bacanas, e porque não dizer, engraçadas de como deveremos adaptar/transformar o design de nossos sites para serem visualizados nos diferente televisores. Em primeiro lugar a espantosa resolução em que devemos basear o trabalho na TV Digital, nosso bom e velho 640 por 480 pixels. Nesse espaço monumental retire 10% de margem (em cima, baixo, a esquerda e direita) é a diferença entre os diferentes modelos de TV. Se formos usar algum tipo de legenda, deve ser retirado mais 10% de margem. É a única maneira de garantir legibilidade nas mensagens via texto.
Não é só isso, tem mais... a diferença de qualidade entre os monitores de computador e as TV´s é muito grande, portanto tire um pouco o foco de seu design e dê uma leve borrada, pronto, já podemos ter uma noção de como será apresentado nosso Website na TV. Um espetáculo!!!
Ele ainda aconselhou utilizarmos fonte com o tamanho mínimo de 24 pontos, apesar de algumas normas falarem algo em torno de 18 pontos.
Já tinha ficado assustado com a qualidade da apresentação dos sites foi quando Gil mostrou os primeiros modelos de controle remoto para TV Digital, aí realmente fiquei preocupado. Não há nenhuma padronização na posição das teclas e a comunicação se baseia basicamente no uso de 4 teclas coloridas (azul, verde, amarelo e vermelho) sem nenhuma combinação com símbolos em relevo o que tornaria um pouco acessível para daltônicos e outros deficientes visuais.
Muitos problemas? Sim, mas afinal, eles são matéria prima para soluções criativas. Sem um problema não é possível ser criativo.
ps. algumas das apresentações foram disponibilizadas em PDF no site da WUD.