Essa produtiva semana em São Paulo começou por culpa, digo, por indicação do Eduardo Lapa*, no final de 2006 para a realização de um workshop. Em seguida recebi um convite formal do IBC – International Business Communications para realizar um workshop para a 8ª Conferência sobre Portais Corporativos em São Paulo, no dia 22 de março de 2007. O tema proposto era: como aumentar a atratividade e melhorar a navegabilidade dos portais corporativos.
* Eduardo Lapa é especialista em Portais Corporativos e Gestão do Conhecimento e Diretor da Talent Work services.
Apesar de não ser nenhum grande especialista em Portais Corporativos, no início de 1997 participei da criação da intranet e internet da Datamec – agora uma empresa Unisys – onde fui coordenador até 2000. Era uma espécie de Webmaster**, isto é, o cara que cobrava o córner e ainda tinha que correr para cabecear a bola.
** Webmaster era um profissional do tipo faz tudo e que foi devidamente morto pelo mercado e enterrado pelo Felipe Memória, em seu bom livro, Design para a Internet: Projetando a Experiência Perfeita.
Desde então, sou consultor em interfaces Web da Unisys, onde participei de vários projetos internos e externos, para clientes como os Correios, MTE - Ministério do Trabalho e Emprego, Caixa, Iplan Rio, Prefeitura do Rio, Banco Estadual de Santa Catarina, Sul América Seguros, entre outros.
Enfim, aceitei o convite… foi então que começaram as coincidências. Um mês antes do início da conferência, recebi por uma das listas de discussão que assino, uma dica sobre um curso em São Paulo de Arquitetura da Informação, ministrado pelo Guilhermo, nos dias 23 e 24 de março. Como ele iniciava um dia depois da conferência, aproveitei que estaria na cidade e me inscrevi no curso.
A dica foi enviada pelo Bruno Rodrigues na lista de Arquitetura da Informação AIFIA-PT.
Apesar de não acreditar muito em coincidências, nesse mesmo final de semana, ia rolar a primeira desconferência em São Paulo, mas conhecida como Barcamp, nos dias 24 e 25 de março.
O objetivo dessa “desconferência”, “era reunir gente interessada em internet e tecnologia, disposta a trocar experiências, colaborar - esse é o objetivo do BarCamp. O evento é organizado informalmente, enquanto acontece, sem ter uma programação fechada ou palestrantes definidos: são os próprios participantes que decidem a grade de discussões no começo de cada dia. Entre os temas mais recorrentes, estão comunicação participativa, gestão de conteúdo, software livre, plataformas online de colaboração e Web 2.0”.
Não tinha certeza se poderia participar, mas ao menos ia tentar dar uma passada chopinho depois do curso no sábado e na parte da manhã de domingo.
1) Conferência de Portais Corporativos – Primeiros dias – 8 Painéis
Nos dias 20 e 21, foram apresentados oito painéis e 7 estudos de caso, sob a regência bem-afinada do Eduardo Lapa.
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Os painéis discutiram temas como: processos de implementação de portais, gestão, ferramentas, atratividade e navegabilidade, gestão de conteúdo, gestão de conhecimento, mensuração de resultados, perspectivas e evolução.
Participaram dos painéis e Workshops as seguintes empresas: Telemig Celular, Ambev, Banestes, Basf, Content Digital, Deloitte, Fiat, Grupo Connectt, HP, HSBC, Infoglobo, Lumis, Magazine Luiza, Odebrecht, Palavra-Chave, Petrobras, Plena Consultores, Satander, Sebrae SP, Sirius Interativa, Unisys e Votorantim.
Eles foram conduzidos por um ou mais expositores que apresentaram suas experiências e estudos de caso com foco na temática do painel. Ao final de cada apresentação, dois debatedores apresentaram suas impressões sobre o painel e as suas experiências na área. Para terminar, rolava ainda uma rodada com perguntas e respostas. Participaram do evento, entre palestrantes e participantes, umas 60 pessoas.
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Ainda não compilei o material dos painéis e lições aprendidas, mas quando tiver um tempo, vou desenvolver um post aqui sobre eles.
O que posso adiantar e que teve muita intranet para pouco portal, ou seja, com exceção de um ou outro estudo de caso, a maioria descreveu apenas suas experiências na implantação de intranets.
Essa foi a minha grande surpresa... constatar que a maioria das empresas ainda está longe de possuir um Portal Corporativo de fato, isto é, uma porta de entrada para todos serviços corporativos, um único login, com design consistente entre diferentes áreas e sistemas, integrando funcionários, parceiros, fornecedores e clientes, nas mais diferentes plataformas, sistemas, localidades, dispositivos, etc.
O grande desafio será:
- integrar sistemas legados, em diferentes plataformas, linguagens, localidades, dispositivos e interfaces;
- simplificar e melhorar sistemas e processos, muitas vezes consagrados e com donos poderosos, focando as mudanças na simplicidade e facilidade de uso;
- organizar, filtrar, evidenciar e disponibilizar a informação no meio de milhões de páginas, permitindo aos usuários, acesso rápido e fácil a todas informações do portal.
- conscientizar e mudar pessoas é sempre a tarefa muito difícil e será um grande desafio fazer com que todos comprem a idéia de portal, colaborando para a gestão do conhecimento.
Como não existe uma roda com perfeito encaixe para os Portais, esse é um terreno bastante irregular e ainda não existem muitas empresas e profissionais com experiência nessa área...
É um mercado com grandes possibilidades e oportunidades, que serão preenchidas por profissionais com experiência em uma ou muitas das seguintes áreas: integração, portabilidade, mobilidade e dispositivos moveis, serviços web (web services), XML, datawarehouse, data mining, arquitetura da informação, taxonomia, usabilidade, padrões web, acessibilidade, design centrado no usuário, etc.
2) Workshops Pós-Conferência – Último dia
Os Workshops aconteceram pós-conferência e tiveram uma procura de mais ou menos, 50% do público da conferência.
2.1) Primeiro Workshop
Na manhã, apresentei o Workshop com o tema: “Como Aumentar a Atratividade e Melhorar a Navegabilidade em Portais Corporativos”.
Foto do início do Workshop - Clique na foto para ampliar.
Inicialmente eram para ser dois palestrantes, mas o Bruno, de BrunoTorres.net que também iria participar dessa apresentação, teve que dar uma atenção especial ao seu novo trabalho e não pode aparecer... fica para próxima Bruno.
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O objetivo era apresentar, aos gestores e técnicos de portais/intranets, as técnicas e melhores práticas em design e desenvolvimento Web para tornar o portal mais atraente, fácil de usar e navegar, além de estratégias para alavancar a participação e quebrar barreiras culturais e corporativas.
Mostrar por que é importante desenvolver um portal fácil de usar e aprender, aplicando uma metodologia focada na simplicidade e experiência do usuário. Desenvolvimento da interface com design/navegação consistente, seguindo as melhores práticas em usabilidade, acessibilidade, arquitetura da informação, design e padrões Web.
Como o objetivo do workshop era ambicioso e sua duração limitada, sabia que não seria possível entrar muito em detalhes, por isso, preparei um extenso material de apoio para auxiliar durante e depois da apresentação nas futuras pesquisas e consultas.
Depois de quase 5 horas de workshop, tive que concluir a apresentação que já tinha invadido, em quase uma hora, o horário do almoço... depois ainda teríamos um outro workshop.
Pelo interesse e feedback dos participantes durante a apresentação, tive a impressão que consegui atingir o objetivo do workshop... quando terminamos, parte dos trinta alunos vieram conversar e corroboraram com minha opinião, demonstrando interesse nos tópicos abordados e como acharam relevante a apresentação. Alguns falaram que ficou com “gostinho de quero mais”, isto é, que o workshop deveria ter duração de no mínio um dia.
Ok, eu concordo, isso está com a maior cara de propaganda, mas é claro que esse feedback não foi apenas pelo os meus lindos olhos, nem pela minha magnânima apresentação :), mas sim, pelo grande interesse desses diferentes profissionais pelos temas abordados no evento.
Foi muito bacana perceber como os mais diferentes perfis profissionais, com culturas diferentes de todas regiões do Brasil e de grandes empresas como: Petrobras, Correios, Sebrae, Telemig Celular, HSBC, Usiminas, Banestes, Banco da Amazônia, ECAD, Banco do Brasil, Caixa, etc., mostraram grande interesse por temas, até então, desprezados e desconhecidos pela maioria das empresas e profissionais como: design centrado no usuário, usabilidade, padrões Web, acessibilidade e arquitetura da informação... Legal perceber que isso finalmente começou a mudar…
Quem tiver interesse na apresentação do workshop, poderá baixá-la no link logo abaixo. Inicialmente no formato PPT (powerpoint), mas em breve também em PDF. São um total de 273 slides e alguns têm conteúdo na área de comentários da página..
Apresentação: Como Aumentar a Atratividade e Melhorar a Navegabilidade de Portais Corporativos – arquivo zip - 8 MB
2.2) Segundo Workshop
Voltei na parte da tarde, agora como aluno e participei do excelente workshop sobre a mensuração de resultados em portais corporativos, apresentado pela Juliana Marques (gerente de e-business) e Arno Brandes (executivo sênior de novas tecnologias), ambos do HSBC Brasil.
Foi uma agradável surpresa descobrir que o banco HSBC está reformulando toda a sua intranet e, com o pé direito – no meu caso é o esquerdo, focando seus novos sistemas na experiência do usuário, simplicidade e facilidade de uso. Eles realizaram centenas de entrevistas presenciais e por telefone com todas as hierarquias do Branco, com objetivo de identificar os desejos e necessidades de seus usuários e mapear os diferentes papéis e perfis.
Para analisar a concorrência e descobrir e validar as melhores práticas (benchmark), criaram um pequeno formulário com perguntas que foram feitas aos principais players de mercado pela competente e motivada Juliana, que acabou conseguindo todas as informações que procurava.
Para os testes de usabilidade eles contrataram uma empresa especializada em Portais Corporativos e testes de usabilidade a Terra Fórum Consultores que aplicaram dezenas de testes com os mais variados perfis de usuários.
O negócio agora é aguardar pelo resultado desse belo trabalho e torcer para que em futuro próximo, também sejam implementados nos Terminas de acesso e no homebanking do HSBC.
3) Curso de Arquitetura da Informação
Na sexta e sábado, dias 23 e 24 de março, aproveitei que já estaria em São Paulo e resolvi fazer o curso de Arquitetura da Informação, com Guilhermo Reais, arquiteto da informação do banco Real e criador site Guilhermo.com.
Como imaginava, Guilhermo conhecia bem o assunto e soube através do curso repassar bem seu conhecimento. Respondeu todas as perguntas – que não foram poucas - e conduziu bem o foco do curso mesmo com tantas perguntas e troca de experiências.
Finalizando o bom treinamento, nas duas últimas horas, assistimos a arquiteta da informação da Globo.com, Laura Lessa, apresentar o case do portal de notícias G1.
Gostei de sua apresentação e quem quiser conhecer esse interessante case, ela disponibilizou os slides em seu blog no formato PDF.
Assim como no meu workshop, também foi muito bacana ver o interesse de profissionais de diferentes áreas: jornalistas, bibliotecários, arquitetos da informação, designers, analistas e programadores, sobre a Arquitetura da Informação, tema ainda pouco estudado em todo mundo.
Quem tiver interesse em fazer o curso, em maio tem uma nova turma, mas não deixe para última hora, porque essa turma de março fechou algumas semanas antes do seu início.
O único problema do curso foi parte de material didático que, diga-se de passagem, prejudicou um pouco, mas não comprometeu de maneira nenhuma a qualidade do curso. Esse feedback foi devidamente escrito na avaliação e repassado pessoalmente ao Guilhermo.
O que aconteceu foi que como eles imprimiram 3 slides por página e como quase todos tinham excesso de conteúdo, ficou impossível ler o os slides em papel. Como um problema leva ao outro, a apresentação também ficou pouco acessível e cansativa pelo excesso de textos e, apesar do Guilhermo ser um ótimo comunicador e conhecer profundamente o seu tema, as vezes acabava lendo alguns slides mesmo sem querer, ao invés de desenvolver os tópicos segundo suas experiências e idéias naquele momento.
Independente disso, o curso é bastante indicado, principalmente para quem quer conhecer o vasto mundo que envolve um arquiteto da informação.
O grande diferencial do curso, junto com a qualidade de seus instrutores, foi o alto nível dos participantes, possibilitando uma enorme troca de idéias e experiências.
Junto com a apostila impressa, também recebemos um Kit (cd) com todas as apresentações do Guilhermo, alguns artigos, pappers de outros autores e links para outras fontes.
4) Barcamp
Mesmo com aula no sábado, mesmo dia de início do Barcamp, tinha esperança de participar do chopinho no final do dia e da desconferência na manhã de domingo, mas tive que voltar para casa logo depois do curso de AI.
Pelo menos matei parte da minha curiosidade com o feedback do meu camarada BrunoTorres.net, que apesar dele participar muito mais das conversas paralelas ao evento e dos já conhecidos: “um chops e dois pastel”.
Parece que cumpriu o objetivo de networking e troca de idéias desse pessoalzinho que adora internet, tecnologia e afins e não tem mais nada de bom para fazer no final de semana…
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Para os que tiveram mais do que paciência de chegar até aqui, minhas desculpas pelo testamento, mas não tive tempo de fazer um texto menor.
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